Fiat Uno Mille Brio era carro popular com motor ‘preparado’ de fábrica


Por Assessoria de Imprensa
Fiat Uno Mille Brio era carro popular com motor ‘preparado’ de fábrica
Linhas consagradas do Fiat Uno criadas por Giorgetto Giugiaro têm grifeChristian Castanho/Quatro Rodas

O Uno Mille é filho do governo Collor. Para estimular a indústria nacional, bem como a criação de empregos, a equipe econômica daquela administração resgatou a categoria dos carros populares e aplicou uma drástica redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (de 40% para 20%), mas limitou o corte aos carros com motor de até 1 litro.

A Fiat se apressou para lançar um produto que se qualificasse ao novo patamar e, em dois meses, apresentava o Mille. Era agosto de 1990.

Bastou pegar o velho propulsor Fiasa de 1.049 cm3 (projeto de Aurelio Lampredi, produzido no Brasil desde 1976) e diminuir o curso do virabrequim em 3 milímetros. A medida reduziu o volume da câmara para 994 cm3 – a potência ficou em 48,5 cv.

Continua após a publicidade

Além da questão tributária, os equipamentos foram limitados ao essencial: bancos dianteiros sem regulagem de inclinação e traseiros sem encostos de cabeça. Desapareceram o retrovisor direito, o termômetro e as saídas laterais de ventilação.

Um dos opcionais era a transmissão de cinco marchas. Mas o equipamento era quase obrigatório: para aproveitar o torque de 7,4 mkgf, o diferencial teve sua relação encurtada, limitando o uso rodoviário – problema agravado pela supressão do isolamento fonoabsorvente da cabine.

Continua após a publicidade

A simplicidade radical do hatch, no entanto, conseguiu baixar o preço em 18% em relação ao Uno S, até então o carro nacional mais acessível.

Na coluna C, a inscrição BrioChristian Castanho/Quatro Rodas

Quarta colocada no ranking de vendas, a Fiat se viu sozinha no segmento que futuramente corresponderia a mais de 70% do mercado. E soube aproveitar o momento: aperfeiçoou a versão despojada quando o compacto já representava nada menos que 45% da produção do Uno.

Continua após a publicidade

Em junho de 1991, o público conheceu a primeira evolução dessa versão: a série especial Brio. As principais alterações eram de ordem técnica. O motor passou a respirar melhor com a substituição do carburador de corpo simples por outro de corpo duplo e acionamento mecânico do segundo estágio.

A melhora na alimentação pediu uma recalibração no motor: aumento na taxa de compressão e um novo comando de válvulas. Para completar, o sistema de ignição trocou o avanço centrífugo pelo a vácuo.

Continua após a publicidade

O rendimento foi sensível: a potência subiu de 48,5 cv para 54,4 cv. Parece pouco, mas foi um ganho de 12% em um carro de 790 kg. A maior elasticidade do motor Fiasa foi comprovada pelos números do teste de agosto de 1991.

A série especial Brio tinha interior caprichado: tecido e vinil nos bancosChristian Castanho/Quatro Rodas

Ainda que o desempenho ficasse em segundo plano, a máxima subiu de 135,7 km/h para 142,8 km/h, com o velocímetro marcando mais de 150 km/h. Além de mais veloz, o Brio era mais rápido: ia de 0 a 100 km/h em 18,3 segundos (ante 19,7 do Mille comum).

Continua após a publicidade

A surpresa do Brio foi a queda no consumo: na cidade saltou de 11,5 km/l para 11,8 km/l. Na estrada foi de 15,3 km/l para 16,2 km/l. Apesar de discretas, eram melhoras sensíveis e que garantiam o retorno do investimento: o Brio custava cerca de 16% a mais que um Mille comum.

Compartilhe essa matéria via:

Externamente, a diferença eram as faixas na coluna C, acompanhadas do sobrenome Brio. Os opcionais eram os mesmos do Mille: câmbio de cinco marchas, vidro térmico traseiro com lavador e limpador, apoios de cabeça, acendedor de cigarros e pintura metálica. Mas só o Brio trazia volante espumado, console central e estofamento em tons mais vivos.

O painel de instrumentos é simples, mas completoChristian Castanho/Quatro Rodas

Mas a vida do Brio foi curta: nem sequer disputou mercado com o Chevette Júnior, primeiro concorrente direto em 1992. O Fiasa abandonou o distribuidor em 1993 e adotou injeção eletrônica em 1996, sendo substituído pelo motor Fire em 2001.

Honrado e brioso, o Mille ofereceu direção hidráulica e ar-condicionado, cativando sua clientela fiel até o encerramento da produção em 2014.

Ficha técnica – Fiat Uno Mille Brio

Teste QUATRO RODAS – agosto de 1991

Publicidade