Responda rápido: qual foi a melhor moto 125 cc do Brasil? Essa reposta mudará conforme os critérios escolhidos, como consumo, facilidade de manutenção ou custo benefício. Mas um modelo não deve ser esquecido: a Agrale Super City foi um dos mais interessantes projetos do segmento, com visual moderno e motor de esportiva, com 34 cv de potência e fôlego para passar dos 150 km/h.
Super City, a icônica moto 125 de 34 cv
A Super City 125 parece um misto de modelos. Visual supermotard em uma máquina on-off-road e com toques esportivos. Sua essência era o motor monocilíndrico de 124 cc, dois tempos, com refrigeração líquida.
Contudo, a Cagiva dispunha da Super City em 3 modelos: 50, 75 e 125. Entretanto, a Super City 50 e 75 não vieram para o Brasil, somente a versão de maior cilindrada. No mercado nacional, a moto desembarcou importada pela Agrale, em 1994.
Na época, a gaúcha Agrale utilizou seu acordo com a italiana Cagiva para nacionalizar a Super City. Como destacado, a motocicleta chegava com grande apelo ao seu motor que, aliás, utilizava o mesmo bloco da Cagiva Mito 125, uma versão esportiva de dois tempos com ‘visual de Ducati’.
Mas até mesmo os cilindros do propulsor eram compartilhados entre a Mito e a City. Eram motos com 34 cv a 12.000 rpm e que chegavam tranquilamente a 150 km/h. Alguns diziam ainda que eram motos 125 capazes de atingir 180 km/h.
Independente da velocidade final, eram máquinas impressionantes. As diferenças entre os modelos ficaram mesmo por conta do estilo e, claro, conjunto com propostas distintas. E nesse quesito a Super City 125 era ainda mais exótica.
Uma “fun” bike à frente do seu tempo
A City tinha como equipamentos padrão assento duplo, bagageiro, painel de instrumentação analógico completo, guidão largo e rodas de alumínio fundido escurecidas. Aliás, as rodas com três raios derivam das primeiras Mito também…
Essa motocicleta calçava pneus radiais grandes de 110/70 ZR 17 na dianteira e 150/60 ZR 17 atrás. Tudo isso junto de garfo dianteiro telescópico e monoamortecedor ajustável. Contudo, com curso de suspensões de moto trail. Ou seja, era uma supermoto, muito antes do nicho se popularizar por aqui…
Era uma moto rápida e exótica. Estima-se que levava 7 segundos para atingir os 100 km/h. Tinha alta faixa de rotação e era equipada com uma transmissão de sete velocidades. Segurando tudo isso, já tinha discos de freios grandes e nas duas rodas, com 320 mm na dianteira e 230 mm atrás.
Já o tanque tinha capacidade para 14 litros de gasolina, o com a média de 15 km por litro rendia a autonomia para aproximados 210 km. Ou seja, uma maluca mistura como muitos outros projetos vistos na categoria das “fun bike” – ou motos de diversão. Uma classe que existe até hoje, forte em mercados como a Europa, com lançamentos como a Ducati Hypermotard 698 Mono.
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Era a moto 125 mais rápida, mas ‘em segredo’
A Super City 125 chegava com um pequeno logotipo da Agrale no tanque. E aqui no Brasil, apesar de potente, a marca brasileira não fazia questão de propagandear o modelo como a moto 125 cc mais rápida do mercado. Isso por uma ‘razão estratégica’.
No Brasil, as marcas se acostumaram a destacar a cilindrada das motos – que não faz muito sentido, afinal duas motos de 600 cc podem ter desempenhos absolutamente diferentes… veja as Yamaha R6 e XT 660 R, por exemplo. Para se distinguir, a Agrale apostou em divulgar a cavalaria de seus produtos. Assim surgiram as SXT 16.5 e Elefantre 27.5, em referência à potência gerada pelos seus motores. Portanto, divulgar a Super City como ‘a melhor moto 125’ iria contra a filosofia da empresa.
Super City virou raridade
Claro que tanto desempenho e tecnologia tinham seu preço. Cotada ainda em dólares, em 1994 a moto partia dos US$ 4.860 (mais de R$ 48 mil em conversão atual direta, já corrigida a inflação). Um valor bem acima de produtos de marcas mais tradicionais, como Honda e Yamaha. Além disso, que explorava um mercado novo, das supermoto, ainda pouco compreendido pelo brasileiro. Desta forma, as vendas foram baixas e logo criou-se uma idolatria ao modelo. Hoje, uma raridade valiosa.